PORTO ALEGRE/RIO GRANDE DO SUL - Pode parecer que não, mas é possível equilibrar momentos de descanso com atividades educativas durante as férias escolares através de um planejamento assertivo. O primeiro passo deve partir da família junto à criança, em que ambos entendem quais serão os objetivos específicos para o período de férias.
Um deles, por exemplo, pode ser o descanso em uma viagem e outra, o cuidado de vivenciarem momentos criativos e de convivência com qualidade mesmo que no próprio lar. O segredo está em aliar a flexibilidade com a estrutura, já que o tempo passa rápido e as férias mais ainda!
Nesse planejamento, é essencial incluir atividades lúdicas que
deem vida à imaginação e à criatividade da criança. De forma
indireta e divertida, essas brincadeiras contribuem de maneira
significativa para seu desenvolvimento cognitivo, além da criação
de novas memórias de aprendizagem e diversão em família para além
do ambiente escolar.
Quando as férias acontecem de maneira leve, é possível perceber
o engajamento das crianças e dos adolescentes em diferentes
atividades, sejam em casa, explorando a natureza, conhecendo
ambientes artísticos como museus e teatros ou criando possibilidades
na areia de uma praia. Sempre há espaço para a diversão atrelada
ao aprender.
Busca formas de incluir atividades educativas nas férias reflete
uma tendência de balancear diversão e aprendizagem. Nesse cenário,
é importante envolver as crianças na escolha do planejamento das
férias, incentivando a sua autonomia, responsabilidade e
criatividade, além de fortalecer o vínculo familiar. Ao serem
ouvidas, elas se sentem valorizadas e mais motivadas a participar das
atividades escolhidas de maneira assertiva e engajada. Assim, abre-se
espaço para o desenvolvimento de habilidades envoltas na tomada de
decisão, fundamentais para seu crescimento emocional e cognitivo.
É claro que o formato das férias, assim como seu planejamento,
também dependerá do orçamento familiar. Para a criança, na
maioria das vezes, o real significado das férias é estar em
família, independentemente do local, mas é importante envolvê-las
no processo de organização para compreenderem que a família busca
fazer o melhor com o que é possível e que isso não afetará a
diversão.
Atividades como piqueniques, passeios no parque ou até sessões
de cinema em casa podem render memórias valiosas sem pesar no bolso,
mostrando que a diversão não depende necessariamente de grandes
investimentos. Esse diálogo combinado com os filhos contribui
para o desenvolvimento emocional saudável e equilibrado, assim como
com o contentamento.
A tecnologia também pode ser uma ferramenta positiva nas férias,
desde que usada com limites e supervisão. Aplicativos educativos,
documentários e até jogos que estimulam habilidades cognitivas
desenvolvem a criatividade e a aprendizagem, mas é
importante garantir que o uso das telas seja equilibrado com
atividades físicas e sociais. Segundo a Sociedade Brasileira de
Pediatria (SBP), o tempo de tela deve ser limitado a no máximo duas
horas por dia para crianças de até 10 anos.
Fora das telas, algumas das atividades que as crianças podem
realizar durante as férias incluem artes manuais, culinária,
jardinagem com mini-hortas, escrita de histórias e teatro. Explorar
novos hobbies como fotografia ou música também é interessante e
benéfico. Para adolescentes, projetos de leitura e a criação de
blogs ou diários são atividades que promovem reflexão e
desenvolvimento de habilidades.
Além disso, tanto para crianças quanto para adolescentes, é
interessante uma caminhada ecológica pela natureza, atividades de
observação de plantas e animais ou ideias que incluam caça ao
tesouro, que pode ser organizada em casa ou até mesmo na cidade, com
pistas sobre história, cultura ou literatura, tornando o aprendizado
uma verdadeira aventura. Essas atividades não apenas mantêm a mente
ativa, mas também reforçam a autoconfiança e o interesse por novos
conhecimentos.
Manter uma rotina flexível durante as férias é essencial, mas
sem perder o senso de organização. Definir horários básicos de
refeições e de sono, por exemplo, ajuda a estabelecer um ritmo
diário que favorece o bem-estar. Além disso, pequenas
responsabilidades como ajudar nas tarefas domésticas podem ser
integradas à rotina de forma divertida, reforçando o senso de
responsabilidade e participação.
Mas atenção: a falta de equilíbrio no planejamento pode ser o
pior erro. Sobrecarregar as férias com muitas atividades ou deixar
tempo em excesso para o descanso pode prejudicar o retorno ao
ambiente escolar. Para uma volta às aulas tranquila, é preciso
ajustar gradualmente a rotina de sono e alimentação na semana
anterior ao início das aulas. Diálogos abertos sobre as
expectativas para o novo período letivo também são essenciais para
reduzir a ansiedade e promover um recomeço mais motivado.
Com um planejamento equilibrado, as férias escolares se transformam em uma oportunidade de aprendizagem, descanso e fortalecimento dos laços familiares, preparando as crianças para um retorno mais produtivo e integrado à rotina escolar.
Alexandra Xavier do Carmo Costa é orientadora educacional dos anos finais e Ensino Médio da unidade de Muriaé (MG) da Rede de Colégios Santa Marcelina, instituição que alia tradição à uma proposta educacional sociointeracionista e alinhada às principais tendências do mercado de educação.
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