SÃO PAULO/SP - BRASIL - No
Festival Perú Mucho Gusto, realizado no Parque Villa-Lobos de São
Paulo nos dias 5, 6 e 7 pela PROMPERÚ, a bebida símbolo do Peru
ganhou um novo passaporte. Em uma experiência criada especialmente
para o público brasileiro, o bartender peruano Paul Berrospi
apresentou coquetéis que unem o tradicional pisco com ingredientes
nativos do Brasil, como a jabuticaba, o caju, a guabiroba, a pitanga,
a cajamanga e até o guaraná. A proposta não foi apenas
gastronômica, foi histórica: criar uma ponte líquida entre dois
países que, há séculos, compartilham rotas culturais, ingredientes
e influências
Berrospi, especialista em coquetelaria biorregional, destaca que "a mistura entre produtos de ambos os territórios honra saberes ancestrais e atualiza conexões que remontam às trocas entre povos originários andinos e amazônicos". Em um dos momentos mais comentados do evento, apresentou um coquetel que combina milho roxo peruano, base da tradicional chicha morada, com jabuticaba, fruta nativa da Mata Atlântica. Outra criação que chamou a atenção foi o Pisco Amigo, inspirado no clássico caju-amigo brasileiro e preparado com pisco, limão, polpa de caju e carbonatação.
O pisco, no entanto, não se destaca apenas por sua versatilidade. Para o reconhecido especialista Johnny Schuler, uma das vozes mais influentes na defesa e difusão internacional da bebida, o destilado peruano possui uma identidade singular. "Produzido exclusivamente a partir do suco fresco da uva, sem adição de água, sem passagem por madeira e seguindo técnicas tradicionais, o pisco mantém uma pureza e um caráter que o tornam especialmente adaptável a coquetéis com frutas locais de diversos países", explica Schuler.
Schuler lembra que a bebida viaja pelo mundo há séculos e hoje aparece em bares da Ásia, Europa, América e Oceania. Para ele, "embora o Pisco Sour seja o coquetel mais famoso, existem infinitas possibilidades criativas, e o Brasil surge como um território fértil para essa expansão", destaca.
A aproximação cultural entre Brasil e Peru, reforçada no evento, encontra nos coquetéis um caminho natural. Tanto o milho roxo como o caju, a jabuticaba e a erva-mate, além de outras frutas amazônicas, aparecem como narradores desta história compartilhada. E para Berrospi, este reencontro era inevitável: "Somos resultado da mistura de todos os povos; nossas bebidas refletem isso".
Para o público de turismo e gastronomia, a mensagem é clara: o pisco deixa de ser apenas um destilado peruano para se integrar a uma verdadeira rota binacional de sabores, onde a tradição e a inovação se encontram no mesmo copo.
Foto: Reprodução
Fonte: Rafael Lopes

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