SÃO PAULO/ SP - BRASIL -A WTM Latin
America encerrou a edição 2025 com o anúncio de aumento em
todos os números – da entrada de visitantes à área de
exposição. Até as 14h do terceiro dia foram contabilizados
29.979 participantes, 8,04% a mais que os 27.749 de 2024.
“Somente no primeiro e no segundo dia, registramos
respectivamente 18% e 7% a mais de público na comparação com o
ano passado”, comemorou a Event Leader Bianca Pizzolito,
lembrando que o resultado do terceiro dia está em aberto. O
número final de visitantes que passaram pelo Expo Center Norte
até o fechamento do pavilhão será divulgado em breve. Outra conquista importante foi o crescimento expressivo do
número de reuniões agendadas. A plataforma WTM Lat Meet
registrou 7.369 agendamentos somente nos dois primeiros dias do
evento, número que supera em 440 o total dos três dias de 2024,
quando foram confirmados 6.929 encontros de negócios. “Isso
significa que as pessoas estão usando mais a tecnologia que
oferecemos para apoiar os negócios e planejando melhor a
visitação com foco em atualização, networking e fechamento de
negócios”, afirma Bianca. As 837 marcas expositoras representam um crescimento de 5%
nesse quesito em relação à edição anterior e 23% do total de
estandes estrearam no pavilhão neste ano. Já a área de
exposição somou 8.027 metros quadrados nos dois pavilhões, um
aumento de 10% na área comercializada em comparação com a
edição de 2024. A planta deste ano teve três novas áreas que
facilitou a navegação dos visitantes: Mobility, Travel
Providers e Experience Zone. “A área de experiências é
resposta a uma tendência global em eventos de aproximar as
pessoas pelas sensações”, disse. Realizada pelo segundo ano, a Rota da Diversidade ganhou novas
categorias – Turismo de Base Comunitária e Turismo Acessível
– que se somaram aos três eixos que guiaram a edição 2024
(Afroturismo, Turismo LGBTQIA+ e Turismo 60+), destacando
produtos e serviços inovadores que estimulam a inclusão e a
diversidade. Bianca destacou ainda o recorde de inscrições no
Prêmio de Turismo Responsável que, neste ano, recebeu 164
projetos de 14 países latino-americanos. Os três teatros temáticos reuniram 78 palestras, painéis e
treinamentos, número que supera as 54 capacitações realizadas
em 2024. Os espaços também sediaram as concorridas sessões de
Speed Networking com criadores de conteúdo e com compradores
convidados, com destaque para a sessão exclusiva da WTM Latin
America Hosted Buyers Program Powered by Embratur. “Essa edição
foi muito feliz em tudo o que se propôs a fazer”, resume
Bianca. Capacitações Além dos corredores movimentados, o terceiro dia de evento
seguiu com a oferta de capacitação. Entre os destaques na
programação, o painel sobre turismo indígena reuniu Frank
Antoine, presidente da World Indigenous Tourism Alliance (Winta),
Gladys Concepcion Colli Ek, fundadora da Aldea Maya Xa'anil Naj
(México) e Pablo Calfuqueo Lefío, gerente geral da Lofpulli
Turismo (Chile). Sob a moderação de Thalita Tomazatti, gestora
executiva do Garupa, ONG que se dedica a fortalecer o turismo
responsável no Brasil, os painelistas debateram estratégias
para fortalecer o turismo em território indígena de forma
autêntica. “Nossa cultura não está à venda, mas enxergamos
o turismo como oportunidade de compartilhamento e educação”,
cravou Frank Antoine. Vindos de diferentes partes do mundo, os representantes foram
unânimes em reforçar a necessidade de colocar as comunidades no
centro do planejamento e da tomada de decisões para garantir o
sucesso nas iniciativas, tanto por parte dos turistas quanto dos
indígenas. “Não fazemos shows. O que oferecemos são
vivências com o objetivo de compartilhar nossa cultura e
mantê-la viva”, resumiu Gladys. “Os viajantes devem entender
que nem tudo será compartilhado, já que existem temas culturais
e territórios que são sagrados e preservados somente para as
comunidades”, acrescentou Pablo. Em outro painel, profissionais defenderam que promover o
turismo por meio da preservação da memória e da identidade
cultural é um caminho poderoso de desenvolvimento sustentável e
fortalecimento comunitário. Isabella Santos, da Sampa Negra,
destacou a importância de carregar as histórias e memórias
coletivas nos espaços de expressão cultural, valorizando
aqueles que vieram antes. Essa valorização também se traduz em
ação concreta, como no caso de Cartagena. Lina Rojas Trillos,
presidente executiva da Corporação de Turismo do destino
colombiano relata que para combater os impactos negativos do
turismo, foi preciso reconhecer os problemas e agir em conjunto
com ONGs e autoridades para restaurar áreas, transformando-as em
espaços culturais seguros.  Iniciativas como a do Instituto Santa Cruz, liderado por
Patrícia Oliveira, mostram que o turismo comunitário pode ser a
chave para tirar populações da vulnerabilidade, oferecendo
novas oportunidades a partir da valorização de tradições
locais, como as trilhas e cafés da manhã regionais. Já
Adelaida Ramirez, da cooperativa guatemalteca Nuevo Horizonte,
relembra que, mesmo diante da devastação, a reconstrução da
esperança e do pertencimento foi possível graças ao trabalho
coletivo, reafirmando que a identidade cultural é também um
pilar de resistência e transformação social. Dois painéis trataram de temas relacionados à
acessibilidade. A conclusão foi que a promoção de um turismo
verdadeiramente inclusivo passa pela união entre empatia,
tecnologia e ações concretas de acessibilidade. Jéssica Paula,
fundadora do Passaporte Acessível, destaca a importância da
acessibilidade atitudinal, que vai além das estruturas físicas
e envolve uma postura acolhedora e consciente, especialmente
quando aliada a recursos tecnológicos. Iniciativas como o
projeto DonaTapa, na Costa Rica, mostram como a sustentabilidade
pode caminhar junto à inclusão, ao transformar resíduos
plásticos em estruturas acessíveis nas praias. Para a
turismóloga Mel, que é deficiente visual, viajar é uma
experiência sensorial e cultural profunda — ela coleciona
miniaturas de monumentos para poder tocá-los e sentir sua forma,
reforçando que o turismo vai muito além do visual. Já Daniela Frontera, palestrante baixa visão, fundadora e
idealizadora do Projeto Enxergando o Futuro reforça que a
adaptação é um ato de coragem diante da realidade e que,
embora ainda sejam poucos, os projetos voltados às pessoas com
deficiência têm gerado impactos significativos, como no caso
das 650 famílias já alcançadas. Ela destaca a importância de
aplicativos como Lazarillo, Be My Eyes e Seeing AI, que orientam
e oferecem autonomia durante as viagens, além da escolha de
agências de turismo empáticas e preparadas para receber esse
público. O Brasil ainda enfrenta desafios, sendo a falta de
acessibilidade um motivo pelo qual muitos turistas deixam de
visitar o país — mas cidades como Socorro, em São Paulo,
surgem como exemplos de que um turismo mais acessível é
possível e necessário. 
Reestruturar o turismo significa repensar não apenas os
destinos, mas a forma como nos relacionamos com eles. No painel
“Reformulando a economia do turismo na América Latina: a
região pode se libertar dos antigos padrões de viagem?”,
Aleix Rodriguez Brunsoms, da Skift, ressalta que o turismo está
diretamente ligado à saúde econômica, e que o crescimento do
setor deve ser pautado pela responsabilidade. Franz Muller, da
Amadeus, reforça que o turismo é mais do que um setor econômico
— é um fenômeno social e cultural que exige estratégias como
a diversificação de mercados e o fortalecimento do turismo
intrarregional. Esse movimento regional, especialmente entre
países vizinhos da América Latina, ganha força como uma
alternativa sustentável e resiliente. Carolina Stolf, da Embratur, destaca a importância de criar
uma nova narrativa para o Brasil no exterior, valorizando sua
diversidade e ampliando o leque de destinos além dos
estereótipos. Stephanie Sheehy completa dizendo que o turismo
precisa ser humanizado — feito por e para pessoas. Em um mundo
em constante mudança, o futuro do turismo depende de um
equilíbrio entre crescimento e propósito: mais do que números,
é preciso fazer sentido. “Temos que humanizar o turismo, pois
ele nasce com e para as pessoas”, pontuou Stephanie Sheehy, CEO
do Il Viaggio Travel. A edição 2026 da WTM Latin America está confirmada para
acontecer entre 14 e 16 de abril no Expo Center Norte, em São
Paulo.
Sobre a WTM Latin America A WTM Latin America é realizada, anualmente, em São Paulo e
atrai quase 30 mil profissionais de turismo durante os três dias
de evento. O evento oferece conteúdo qualificado aliado a
networking e oportunidades de negócios. Em sua mais recente
edição, em 2024, a WTM Latin America manteve seu foco na
geração efetiva de negócios, e conseguiu a marcação
antecipada de quase sete mil reuniões que foram realizadas entre
compradores, agentes de viagens e expositores. Em 2025, a WTM
Latin America ocorre entre 14 e 16 de abril, no Expo Center
Norte, em São Paulo. |
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