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“Tristeza não tem fim; felicidade, sim” por Ricardo Guerra


RECIFE/ PERNAMBUCO - Aprendi muito jovem ouvindo o inigualável som da música de Tom Jobim acoplado a poesia épica de Vinícius de Moraes que a felicidade tem fim. O poetinha aclama, no Soneto de Felicidade, que “o amor seja infinito enquanto dure”. No início da minha vida profissional, já pai e com todo gás para me realizar, encontrei nos poemas de Gonzaguinha não só em Explode Coração que me ensinou a desvirginar a madrugada, mas me deu a base de que o mais importante é viver porque a vida é bonita e não podemos ter a vergonha de ser feliz. 

Na altura, com 30 anos, eu já havia adotado a tese do pai da Psicanalise, Freud, para quem a felicidade era a obtenção do prazer. Faço este preambulo para afirmar que felicidade é problema de cultura, de sentimento, de reflexão, de condições psíquicas, de princípios prazerosos. Felicidade são momentos.

Devo destacar que, absolutamente, nada tenho ou ouso ter contra a ciência, a pesquisa, a tecnologia, as teses desenvolvimentistas que elevam e que progridem com e em favor do homem. Mas, tem tudo a ver com um recente relatório que foi divulgado no dia 20 de março quando é comemorado o Dia Mundial da Felicidade pela ONU – Organização das Nações Unidas que merece todo o nosso respeito. Vamos a ela.

 

Finlândia, o pais mais feliz do mundo

 

O relatório é anual. Divulgado pela Rede de Soluções para o Desenvolvimento Sustentável da ONU que iniciou este tipo de trabalho em 2012. A analise leva em conta seis critérios: apoio social, renda, saúde, liberdade, generosidade e ausência de corrupção. Ou seja, seria ou é uma avaliação pessoal da felicidade em dados econômicos e sociais. Se, entendi certo.

Nestes 2024, uma vez mais, pelos critérios indicados, a Finlândia foi considerada o país mais feliz do mundo. Pela sétima vez. Consecutiva. A propósito, os países nórdicos ocupam as primeiras colocações. Em seguida, à Finlândia, aparecem a Dinamarca, a Islândia e a Suécia. Viva a Escandinávia! Para a pesquisadora Jennifer de Paola da Universidade de Helsinque: “a proximidade com a natureza e o bom equilíbrio entre o trabalho e a vida privada são a chave para a satisfação dos finlandeses”. Ela ainda compara os finlandeses com os norte-americanos, achando que estes são mais preocupados com os lucros financeiros.

O universo da pesquisa envolve 143 países.

 

Brasil  no  44º lugar

 

 

Em relação ao ano passado, o Brasil subiu cinco posições, ficando em 44º lugar, tendo a pesquisa identificado que o nível de felicidade é maior em nosso país para os que estão acima de 60 anos e nesta faixa, o Brasil é o 37º no mundo. Enquanto, entre os mais jovens, abaixo dos 30 anos, o nosso país caí para a 60º posição. Na América do Sul, é o terceiro mais feliz atrás do Uruguai (26º) e do Chile (38º). A Argentina ocupa o 48º lugar. 


Os 15 mais felizes

 

Pelo ranking da ONU, os quinze países mais felizes do mundo são: Finlândia, Dinamarca, Islândia, Suécia, Israel, Holanda, Noruega, Luxemburgo, Suíça, Australia. Nova Zelandia, Costa Rica, Kuwait, Australia e o Canadá. O destaque é a Costa Rica em 12º lugar, o único país da América Latina. Registre-se as ausências dos EUA e da Alemanha. Enquanto, na lista oposta dos quinze mais infelizes estão: Afeganistão, Líbano, Lesoto, Serra Leoa, Congo, Zimbábue, Botsuana, Malawi, Essuatíni, Zâmbia, Yemen, Camarões, Tanzânia, Etiópia e Bangladesh.

 Então, seria o caso de pesquisar quais os países mais suicidas do mundo?

E o que falar das Guerras. Não só àquelas divulgadas pela grande imprensa como a invasão da Ucrânia pela Rússia ou o conflito de Israel com o grupo terrorista Hamas. Temos de lembrar das guerras no Sudão, em Moçambique, no Congo, na África. Ainda no Oriente, na Síria e no Libano. No Mianmar. No Haiti. No Azerbaijão e na Armenia. Só para exemplificar.

 

Sem condições básicas de vida, não há felicidade 

 

 Há o que destacar que não pode haver felicidade onde não há condições básicas de vida: educação, saúde, infraestrutura, moradia digna, saneamento básico, mobilidade adequada com transporte de qualidade, pleno emprego. Como avaliar os critérios do ser feliz se a população vive em tremendas desigualdades, em situações de miserabilidade, caos, sofrendo violências, vulnerabilidades reais, vítima de uma corrupção desenfreada e vivendo na mais absoluta marginalidade?

Ainda assim, você encontra pessoas felizes em qualquer lugar do mundo. Aqui, é preciso fazer uma distinção embora sutil e tênue, mas importantíssima. Felicidade e alegria. São coisas bem distintas. 

Com todo respeito a ciência e aos critérios científicos e reconhecendo que se trata de uma pesquisa sem quaisquer valores científico, mas se vier a ser feito um levantamento na Marques de Sapucaí, no Rio de Janeiro, em qualquer dia de Carnaval ou no sábado de Zé Pereira, no percurso do desfile do Galo da Madrugada, em Recife, o Brasil vai ostentar o 1º lugar como o país mais feliz do mundo. É um fato! Viva os brasileiros.

Por enquanto, prefiro dividir os meus conceitos de felicidade na minha eterna aprendizagem com a sabedoria e os encantos de Clarice Lispector.

Esta crônica foi publicada na Folha de Pernambuco edição de 08/04/2024.

Fotos 1- A cantora Silvana Salazar,  desceu do veículo gigante e foi cantar no meio da multidão. (Crédito Galo da Madrugada).
2
-FreePik (www.freepik.es.)

Ricardo Guerra
empresário e jornalista
frupel@uol.com.br


 

 

 

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