FORTALEZA/CEARÁ – BRASIL - Desde os tempos de menino – bote décadas
nisto – sempre ouvi falar que o General Inverno é o maior governador que o
cearense possa ter. Tem lógica. Quando as chuvas são generosas, nos meses de
fevereiro, março e abril, há fartura de tudo, com preços convidativos.
O verde enche os olhos, ficando na lembrança os campos
estorricados, onde heroicamente se fazem presentes os mandacarus, as palmas. O
milho e o feijão, predominantes no interior, enchem os mercados dos povoados e
cidades, com preços ao alcance da bolsa dos pobres. O gado, na mansidão do seu
andar, torna-se como que alegre e descontraído pastando nos campos. A festa e o
pensamento positivo dominam os mais variados setores da economia. O pesadelo da
falta d'água, como que muda tudo de um momento para outro. Sempre foi assim,
para alegria geral de um estado muitas vezes discriminado pelas autoridades
maiores do País.
É nordestino...
A seca
A seca cíclica sempre nos perseguiu como
relatam escritores de proa, como Raquel de Queiroz no seu “O Quinze”, um relato
pungente de mais uma das tragédias que a natureza nos impôs. Diante nos
infortúnios pela escassez das chuvas, os acenos demagógicos dos governos sempre
foram pródigos e até demagógicos, como o atribuído a Dom Pedro II, que teria
dito, ao replicar o Barão de Cotegipe
sobre a informação de que não havia mais condições de socorrer o Ceará: “Se não
há mais dinheiro, vamos vender as joias da Coroa. Não quero que um só cearense
morra de fome por falta de recursos”. Palavras ao vento. A sua coroa não foi desfalcada e milhares de
sertanejos continuaram a sofrer e morrer diante do flagelo cíclico.
O fenômeno da seca é uma rotina, até o
momento não equacionado. Projetos em cima de projetos têm sido propostos.
Contudo vontade firme para uma solução sempre esbarram em obstáculos e na
disposição dúbia dos políticos. Exemplo patente, atual, é a transposição de
águas do Rio São Francisco. Certo que as águas do Velho Chico não resolveriam
por completo o problema da aridez do sertão nordestino. Mas serão um grande reforço
para amenizar uma situação que já dura cinco anos, inclusive quase secando
grandes reservatórios, como o Castanhão, o Orós, o Banabuiu, que se encontram
com menos de 10% dos seus milhões de metros cúbicos e são fundamentais para o
abastecimento de água de dezenas de cidades, inclusive Fortaleza. Ainda mais,
são uma das a razões de ser do sustento de grande parte da pesca e agricultura
irrigada do Ceará, de fundamental importância para a economia. Há mais de dez
anos o arrasta-se o Projeto de Transposição. Já marcaram muitas vezes a conclusão total da importante obra.
Mas ela não chega ao fim, pelo menos na parte reservada ao nosso Estado.
A novela
O jeito é “acreditar” que até o final do
próximo ano a “novela” termine. Enquanto isto, neste 2017, parece que teremos
um inverno regular, pelas chuvas que caíram nos meses de janeiro, fevereiro e
neste começo de mês. A nossa FUNCEME, que monitora o tempo no Estado, ainda
está reticente, Mas não custa nada acreditar que São José desta vez nos
adjutore e as águas de março voltem a molhar generosamente nossos campos e o
mês de abril seja “de chuvas mil”. Precisamos do General
Inverno.
FONTE: Jornal
ROTA DO SOL - Diretor/Editor:
Jornalista
José Carlos de Araújo (Rg.149-1-37-52 DRT-CE)
Fortaleza
– Ceará - BRASIL
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