FORTALEZA/CEARÁ – BRASIL - Há
poucos dias, o Supremo Tribunal Federal julgou processo a respeito da
vaquejada. As argumentações dos impetrantes da demanda tinham como base
principal os mal tratos que eram impostos aos bois durante os eventos, por isso
a prática esportiva deveria ser abolida.
Na reunião do julgamento, verificou-se que o pleito dos defensores dos
animais não foi convincente suficientemente, tanto é que houve empate, com decisão
pelo voto da presidente Carmem Lúcia.
Assim, o STF julgou procedente a ação e proibiu que a prática não mais
acontecesse.
Os mal trato dos bois
“Preservava-se” que os bois não
fossem maltratados com a prática. A canetada atingiu em cheio uma tradição há
muito arraigada no Nordeste do país, lembrança que era dos mais fortes costumes
dos vaqueiros que, em cima de cavalos adestrados, rompendo matas fechadas nas
caatingas, iam atrás do boi desgarrado. Não são poucos os municípios desta
região que sofrerão em cheio com as consequências da decisão do STF. Castigado pelos fenômenos climáticos,
discriminado por governantes e pessoas de estados ricos que se julgam
beneficiadas por viverem em regiões de clima favorável, de formação histórica
talvez mais adequada e de riqueza, o Nordeste sofre mais este golpe e continua
comendo sempre o pão que o diabo amassou, até
na singeleza de uma tradição.
Fim da tradição
Acabe-se a vaquejada, extinga-se
a tradição e o boi será preservado. Será? A grande festa do Peão de Boiadeiros,
em Barretos, São Paulo, também será proibida, com tanta pompa e renda que leva
para a cidade? Agora me vem à lembrança que, na Espanha, em Pamplona, nas
festas em honra a São Firmino, de 7 a 14 de julho, continua livre o costume de
bois correndo pelas ruas atropelando uma multidão desvairada mas alegre. E não
raro há morte, tanto de pessoas como dos animais. Mas, pelo menos até agora,
não foi proibido o espetáculo. Proíbe-se a vaquejada, comparando-as a brigas de
galo, de cães e de pássaros, realmente cruéis.
E as outras brutalidades?
Por que até agora os intransigentes defensores dos direitos, humanos ou
de animais como queiram, não se voltaram contra a luta de boxe e de muitos
outros eventos marciais, como o MMA, por exemplo? Aí sim há brutalidade, não
contra animais e sim envolvendo gente, lutadores, homens ou mulheres, jovens ou
adultos. Será que fala mais alto a força dos milhões que corre nestas lutas? E,
diga-se, não são estas refregas tradições de um povo, de determinados lugares.
É o caso. Nosso Brasil precisa de proibições mil e se vai extinguir justamente
uma atividade que é tradição, diverte o povo e representa muito para a economia
de muitas cidades. Reagir é preciso.
Fonte: Diretor/Editor do
Jornal ROTA DO SOL/CE
Jornalista José Carlos de Araújo-(Rg.149-1-37-52 DRT-CE)
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