SÃO PAULO/SP - BRASIL - No
mundo do jornalismo turístico, estamos acostumados a receber
mensagens de destinos, empresas ou marcas que, com a melhor das
intenções ou simplesmente por hábito, nos pedem para publicar
informações sobre eles. "Você poderia compartilhar este
artigo?" "Você nos daria uma entrevista?" "Quer
que eu te envie o press release para você publicar?"... frases
que chegam à nossa caixa de entrada quase todos os dias.
Mas há algo que precisamos lembrar: nosso trabalho tem valor, e esse valor não é medido apenas em cliques ou curtidas, mas em tempo, experiência, julgamento e ética profissional.
Porque divulgação significativa é uma coisa, e trabalhar de graça para quem tem orçamento é outra.
Ajudar uma pequena startup, por empatia ou desejo de apoiar, não é o mesmo que publicar material promocional para destinos ou empresas que claramente investem em publicidade e comunicação... mas não consideram incluir jornalistas de turismo nesse investimento.
Dizer "não" não é arrogância. É estabelecer limites saudáveis e reconhecer que cada artigo, entrevista ou menção é respaldado por horas de pesquisa, redação, edição e experiência acumulada.
Portanto, se você não estava no destino, se não foi oficialmente convidado ou se não é um trabalho jornalístico genuíno, você não precisa publicar nada.
Se eles querem uma entrevista ou um lugar de visibilidade, devem entender que este é um serviço profissional que exige pagamento, assim como qualquer outro trabalho especializado.
Além disso, concordar em fazê-lo "por obrigação" ou "para parecer bem" só alimenta uma lógica desigual: a daqueles que acreditam que os jornalistas estão lá para replicar suas mensagens incondicionalmente, enquanto escolhem cuidadosamente quais veículos de mídia pagarão por publicidade.
É hora de quebrar esse ciclo.
Valorizar o seu trabalho também significa valorizar o jornalismo turístico. Significa lembrar que uma publicação não é apenas um texto: é um espaço de confiança com o seu público, construído ao longo de anos de credibilidade.
E essa confiança não é negociada nem cedida.
Então, da próxima vez que alguém lhe escrever com um pedido como este, você pode responder respeitosamente, mas claramente:
“Não publico sobre lugares que não visitei ou para os quais não fui oficialmente convidado. E entrevistas ou oportunidades de transmissão são serviços profissionais que são acordados e orçados previamente.”
Não se trata de recusar a colaboração, mas sim de fazê-lo com consciência e dignidade profissional.
Porque o turismo precisa de jornalistas independentes, não de repetidores de press releases.
E porque, no final das contas, o seu trabalho conta… e dizê-lo também é uma forma de ensinar.
Foto meramente ilustrativa- Freepik
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